Vale a pena cursar engenharia de materiais?

Nos últimos tempos recebemos muitos comentários aqui no blog perguntando se vale a pena cursar engenharia de materiais e como vai ser depois da formatura. Também recebemos alguns comentários afirmando que não tem mercado para engenheiros de materiais e que não aconselhariam outras pessoas a entrarem nessa área.

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Dessa forma decidi fazer um post bem diferente do que geralmente fazemos aqui no blog. O texto de hoje é um artigo de opinião e não é uma análise científica do mercado atual para engenheiros de materiais.

Engenheiros de materiais não estão sendo contratados?

É inegável que o nosso país passou por uma crise, a qual fez com que a economia encolhesse mais de 8% em apenas três anos. Nesse período de tempo, muitas empresas tiveram que fazer cortes no seu orçamento e também parar de contratar. É importante lembrar que a crise não apenas afetou a contratação de engenheiros de materiais, mas sim de profissionais de todos os ramos.

Ademais, o trabalho do engenheiro de materiais na indústria está muito relacionado com áreas de pesquisa e desenvolvimento, que são muito afetadas na hora que uma empresa decide cortar custos.

Em 2017 a economia do Brasil voltou a crescer, porém a previsão é que só em 2020 retomaríamos o lugar que estávamos antes da crise. Até lá, a tendência é que a taxa de desemprego diminua.

A produção de tecnologia no Brasil

Outro fator que influencia muito na profissão de engenheiro de materiais é o fato que atualmente o Brasil não é um grande produtor de inovações e tecnologias, já que os investimentos na área são baixos, quando comparado com outras nações e também não existem muitos incentivos governamentais.

Por exemplo, em 2016, em um ranking de países mais inovadores, o Brasil estava em 70˚ lugar. Como foi dito nesta reportagem da exame, geralmente em tempos de crise econômica, a melhor saída é tentar inovar, mas a estratégia brasileira foi exatamente o contrário.

Um pouco de estatística

Um estudo feito pelo funcionário Marcus Barnetche e alunas Fernanda Tavares Luiz, Camila Cabral de Barros e Maria Cristina Amaral, todos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) concluiu que 79% dos egressos do curso de engenharia de materiais dessa instituição estão empregados no Brasil. Destes 43% atuam como engenheiros, 25% na área acadêmica e 24% possuem cargo na área de gestão e negócio.

Área de atuação de alunos egressos do curso de engenharia de materiais da UFSC.

Então por mais que exista essa sensação de que nós não temos espaço no mercado, muitos dos que concluíram o curso estão exercendo a profissão.

Uma pesquisa feita em 2014 pelo IBGE aponta que 42% dos engenheiros empregados, atuam na profissão, número muito similar com a pesquisa apresentada. Isso demonstra que a realidade do engenheiro de materiais é muito próxima a realidade de outras engenharias.

Por que cursar engenharia de materiais?

É importante deixar claro que cursar engenharia de materiais ou qualquer engenharia não vai deixar ninguém rico e são raros os casos dos engenheiros que saem da universidade ganhando o piso salarial.

A engenharia e ciência de materiais são áreas maravilhosas, que têm muito o que se desenvolver ainda, visto que qualquer inovação, seja na robótica, engenharia civil, engenharia biomédica ou o que for, está diretamente relacionada com o desenvolvimento na área de materiais.  Um dos motivos que eu decidi cursar engenharia de materiais foi a curiosidade de saber como as coisas são feitas e ter a possibilidade de melhorá-las.

Caso você não saiba exatamente a área de atuação de um engenheiro de materiais você pode acessar esse post aqui.

Por mais que a indústria não esteja tão aquecida nesse momento (nem na nossa e nem na maioria das áreas), tem outras opções que você pode seguir depois de terminar o curso:

  • Empreender: Uma crise pode ser uma grande oportunidade para empreendedores, já que muitos problemas estão aí para serem resolvidos. Como já foi falado, a melhor maneira de sair de uma crise pode ser inovando.
  • Área acadêmica: Nosso país possui centros de P&D conhecidos internacionalmente. Mestrado e doutorado também são trabalhos e podem abrir infinitas portas para o profissional.
  • Consultoria: As empresas que não possuem engenheiros de materiais podem precisar de consultoria na área, por isso podem existir ótimas oportunidades para consultores.
  • Fazer carreira fora do Brasil: Engenheiro de materiais é um profissional bem valorizado em outros países, dessa forma existem muitas oportunidades tanto na área acadêmica quanto na indústria.

Uma dica bem importante é: aproveite bem seu tempo de graduação, faça todos os estágios, cursos e treinamentos possíveis, porque quanto mais experiência você tiver, mais preparado você estará para as oportunidades que irão aparecer.

A ideia desse texto é surgir uma discussão sobre o assunto. Qual a sua opinião? Você acha que existe mercado para mais engenheiros de materiais no Brasil?

Deixe nos comentários!

 

Referências

BBC – Por que a sensação de crise persiste mesmo com a recuperação da economia?

Entenda por que a produtividade no Brasil não cresce

Os 10 países mais inovadores do mundo. E o Brasil em 70º


Nosso agradecimento especial para Marcus Barnetche, Fernanda Tavares Luiz, Camila Cabral de Barros, Maria Cristina Amaral e professora Clarissa Stefani Teixeira, que disponibilizaram o estudo citado no texto.

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7 thoughts on “Vale a pena cursar engenharia de materiais?”

  1. Vale a pena. Qualquer engenharia, desde que se tenha aptidão para a área, vale a pena. A Engenharia de Materiais, por sua vez, pode proporcionar uma vasta área de atuação para o profissional. O texto apresenta bem os pormenores relacionados à atuação dos engenheiros no Brasil. Na UEPG, nosso curso tem 28 anos, temos ex-alunos atuando no Brasil e no exterior (Bélgica, EUA, França, Austrália, Inglaterra, etc.), em empresas como Embraer, Volvo, AirBus, DAF, Makita, Ford, Eaton, BMW, Renault, Continental, etc.. Temos ex-alunos na área acadêmica no Brasil e também no exterior (EUA, Canadá, Inglaterra, Alemanha, etc). Evidentemente, como todas as áreas de formação, temos ex-alunos atuando fora da área e também ex-alunos infelizmente desempregados.
    A formação em Materiais dá muita base científica muito boa, fazendo sem dúvida a área acadêmica, após mestrado e doutorado, bastante atrativa. Evidentemente o nosso país há alguns anos não passa por um bom momento, o que atrapalha, infelizmente, a empregabilidade de muito engenheiros, inclusive os de Materiais.

  2. Estou me formando esse mês em engenharia de materiais no exterior e quero voltar pro Brasil, mas me sinto tão perdida pela falta de oportunidade na área no momento. Quero ir pra outra área agora, de negócios ou finanças. Mas alguém sem experiência alguma começar em uma crise não vai ser fácil. Mas espero que as coisas melhorem pra agente que está começando ter um pouco mais de oportunidade.

  3. Sem dúvida é um excelente questionamento, e acredito que, assim como eu, essa pergunta talvez circule nos pensamentos de pelo menos a maioria dos estudantes, independente do curso. Faço engenharia de materiais na UFPB. A área de atuação do engenheiro de materiais é bastante vasta, multidisciplinar, inteligível com diversas outras ciências e engenharias. Penso também que o motivo desse questionamento se vale ou não a pena, geralmente não se relaciona ao curso em si, mas geralmente em relação as oportunidades, ao mercado de trabalho, e espero que isso não distancie o objetivo das pessoas de tomarem uma decisão sobre o assunto. O trabalho desse site é bastante importante e acompanho desde antes de começar o curso, indico sempre. Obrigado, por serem uma fonte de inspiração, de valorização e de motivação. Afinal, me ajudou também a decidir se valeria a pena, se era realmente o que almejava.

  4. Nossa Engenharia é tão ampla, poderíamos ter mais chances no mercado de trabalho, porém somos limitados por uma resolução defasada, nos limitando apenas à área industrial:

    Nº 241, de 31 Jul de 1976:
    Discrimina as atividades profissionais do Engenheiro de Materiais.

    O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, usando das atribuições que lhe conferem a letra “f” do artigo 27 da Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966,

    CONSIDERANDO que o artigo 7º da Lei nº 5.194/66 refere-se às atividades profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro agrônomo em termos genéricos;

    CONSIDERANDO a necessidade de discriminar atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, para fins de fiscalização de seu exercício profissional,

    RESOLVE:

    Art. 1º – Compete ao Engenheiro de Materiais o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º da Resolução nº 218, de 29 JUN 1973, referentes aos procedimentos tecnológicos na fabricação de materiais para a indústria e suas transformações industriais; na utilização das instalações e equipamentos destinados a esta produção industrial especializada; seus serviços afins e correlatos.

    Art. 2º – Aplicam-se à presente Resolução as disposições constantes do artigo 25 e seu parágrafo único da Resolução nº 218, de 29 JUN 1973.

    Art. 3º – Os engenheiros de materiais integrarão o grupo ou categoria de engenharia na modalidade industrial prevista no artigo 6º da Resolução nº 232, de 18 SET 1975.

    Art. 4º – A Presente Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

    Art. 5º – Revogam-se as disposições em contrário.

    Brasília, 31 JUL 1976.

  5. Me desculpe, mas as afirmações utilizadas não refletem a realidade é o abismo que existe nessa área.
    Pra quem quer emprego com real chances de crescimento a muito tempo só existe duas áreas na engenharia que proporciona isso desde 2010. Engenharia de produção e engenharia agrícola, o resto se precisar basta um engenheiro e uma quantidade de técnicos e pronto, Ta resolvido.
    Eu fslo com experiência de 7 anos no mercado.

  6. Acredito que o mercado brasileiro tem dificultado a vida de muitos engenheiros, incluindo o de materiais. To próximo de graduar em Engenharia de Materiais pela UFAM. A realidade aqui mostra que a área acadêmica é a melhor opção atualmente. Porém o profissional mais qualificado sempre terá a preferência. Então o tempo da graduação deve ser muito utilizado para engrandecer o currículo. As oportunidades aparecem, mas a questão é ter preparo nesse momento.

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