A Europa como um todo é uma região a qual possui poucas fontes de metais raros, dessa forma pesquisadores estudam como garantir o fornecimento dessas matérias-primas para a indústria local. Esse assunto é muito importante, visto que alguns países da região ficam muito dependentes daqueles que mineram esses metais, como Brasil, África do Sul, Estados Unidos, China, Rússia, Cazaquistão e Turquia. Assim, hoje iremos falar sobre projetos que visam recuperar metais de aterros de resíduos industriais.
Horizon 2020 é um programa de investimento para pesquisas européias, ele teve seu começo em 2014 e se extende até 2020. O objetivo é desenvolver ciência na região, liderança e resolver problemas sociais. Dois, entre vários projetos financiados, visam a recuperação de metais raros a partir de resíduos industriais. Esses projetos são o CHROMIC e o METGROW PLUS
CHROMIC – Reciclagem de Cr, V, Mo e Nb
O projeto CHROMIC tem o objetivo de recuperar aqueles materiais que são comuns no nosso cotidiano, como cromo, vanádio, molibdênio e nióbio. Esses metais são adicionados frequentemente aos aços para melhorar propriedades, como resistência mecânica, mas o cromo também tem grande valor na indústria de pigmentos e de químicos. As ligas feitas com vanádio são ideais para quadros de bicicleta e engrenagens, enquanto o nióbio é utilizado com próteses e marca-passos, já que possui propriedades hipoalergênicas. O molibdênio pode ser encontrado em armaduras militares, peças de aeronaves e até em fertilizantes.
A questão é que 100% do vanádio, molibdênio e nióbio são importados de países fora da Europa, já o cromo tem 45% de importação. Com esse cenário, uma solução para buscar mais independência na produção de matérias-primas seria recuperar de produtos industriais descartados.
O foco do projeto hoje é recuperar os materiais de escórias de aços, aços inoxidáveis e também de ferro-cromo.
Como ocorre a extração
A questão é que não é muito fácil extrair esses metais do resíduo industrial, já que eles estão presentes na forma de finas partículas, que precisam ser separadas do restante. Um dos processos que está sendo desenvolvido é aplicar um campo magnético para retirar os metais presentes no resíduo.
A expectativa é que a tecnologia poderia recuperar cerca de 91000 toneladas de metal por ano, o que é equivalente à 5-10 % do uso deles dentro da União Européia.
Também é importante pensar em como reciclar o resíduo como um todo, já que o metal geralmente é apenas 5% dele. A escória com metais hoje já é reutilizada em forma de agregados no concreto e também em asfaltos. Então, o remanescente poderia continuar a ser utilizado dessa forma, apenas precisando refinar os grãos da escória.
METGROW+ – Reciclagem de Ni, Zn e Cu
O outro projeto visa recuperar níquel, zinco e cobre também de resíduos da indústria metalúrgica, provenientes da manufatura de aços inox e zinco. Nesse projeto, eles também têm o interesse em recuperar metais não tão comuns, alguns utilizados na fabricação de computadores, eletrônicos e bateriais, como índio, gálio, germânio, cobalto e também o cromo.
A abordagem escolhida pelo grupo é desenvolver novas tecnologias que podem ser combinadas com processos já existentes, e assim conseguir a melhor combinação delas.
No momento, alguns testes pilotos estão sendo conduzidos na Finlândia, Polônia, Bélgica e Espanha. Os pesquisadores acreditam que eles poderiam produzir 80% da demanda de Índio das fontes que eles estão investigando.
Alguns dos processos em estudo são:
Bioleaching: Consiste em um processo que recupera metais utilizando organismos vivos. Pode recuperar cobre, zinco, chumbo, arsênio, antimônio, níquel, molibdênio, ouro, prata e cobalto.
Solvoleaching: Quando líquidos orgânicos são aplicados para extrair metais de uma fonte sólida. Comparado com o método tradicional, hydroleaching, tem como vantagem a maior seletividade na hora de extrair o material.
Plasma-pyro: É uma rota pirometalúrgica para pré-concentrar diferentes tipos de materiais.
Você acha que projetos como esse também seriam importantes para o nosso país? Ou conhece algum grupo que está trabalhando no assunto? Deixe aqui nos comentários!