Como as bijuterias podem afetar sua saúde?

Um dos mercados mais promissores para esse ano segundo o SEBRAE é o ramo de jóias e bijuterias. Isso pode ser comprovado ao andar no centro de qualquer cidade ao ver inúmeras lojas que oferecem um preço bem baixo para adquirir bijuterias, como anéis, pulseiras e colares. A diferença de preço entre uma joalheria e uma loja dessas consiste basicamente no tipo de material que é utilizado para fazer as peças.

As jóias certificadas são feitas de ligas de ouro com prata, níquel, zinco e paládio. Quando é dito que é ouro 18 quilates, estamos dizendo que a cada 24 gramas de material, 18 são de ouro, ou seja, 75% da peça. E a cotação da grama de ouro está em torno de R$138,00.

Nas famosas “bijus” o metal base utilizado pode ser latão, peltre (liga de estanho, antimônio, cobre e chumbo) alumínio ou outras ligas com zinco, por exemplo. E geralmente é realizado um recobrimento eletrolítico, conhecido popularmente como banho ou folheação, utilizando metais mais nobres como o ouro e a prata.

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Fonte imagem

Porém o grande problema dessas peças é que para ter um preço tão mais baixo que as outras são utilizados metais como o cádmio e o chumbo, que são utilizados por serem bem maleáveis e brilhantes. A tonelada de uma liga de zinco com pouquíssima concentração desses metais custa em média 4 dólares, porém se ela possuir alta concentração o seu preço cairá para a metade.

Mas qual o real problema de utilizar o cádmio e o chumbo?

Esses materiais são altamente tóxicos e podem ajudar no desenvolvimento de câncer de mama, problemas cardiovasculares e pulmonares, além de fazerem com que os rins parem de funcionar, prejudicarem o desenvolvimento do cérebro de crianças e também fazerem com que os nossos ossos percam densidade, tornando-os mais susceptíveis à fratura.

A toxicidade é proveniente da maior reatividade em reações bioquímicas, substituindo outros materiais como zinco, cálcio e ferro. Por exemplo, há a interferência do metal nas proteínas que fazem com que certos genes desliguem ou liguem, deslocando outros metais na molécula. Então a forma da proteína é alterada de modo que ela não vai desempenhar a sua função.

No Brasil não há ainda nenhum órgão que regule a composição química desses produtos, porém o Inmetro já se posicionou e disse que irá regular o uso dessas substâncias químicas, que segundo as normas norte americanas e européias deve ser menor que 0,1%. Na pesquisa realizada pelo Inmetro em 10 peças mostrou-se que em 40% delas havia mais de 90% de cádmio, de chumbo ou dos dois metais juntos.

Mas como há o banho de metais que podem ser utilizados não tem problema nenhum, certo? Errado, geralmente esse folheamentos são de baixíssima qualidade e como o nosso suor é ácido ele decompõe o metal, que migra para o nosso corpo. E no final de sua vida útil, esses metais pesados vão para os lixões e contaminam o solo e as águas subterrâneas, podendo retornar ao nosso metabolismo.

Ninguém imaginava que uma bijuteria de 5 reais poderia trazer tanto problema, né?

O engenheiro de materiais pode auxiliar no desenvolvimento de novas ligas e também na otimização do processo de jóias e bijuterias para fazer com que haja uma redução do custo (sem comprometer a vida de ninguém) e ainda alterar a estética destes produtos.

Referências:

SEBRAE

Banho de metais

China jewelry makers say toxic-metal cuts costs

Toxicidade do chumbo

G1 – Jóias e bijuterias tem metais pesados até 60 vezes acima do permitido

Pesquisa do Inmetro sobre o Cádmio

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