Conheça os cimentos emissores de luz

Vivenciamos atualmente uma procura crescente por economia de recursos, de energia, por sustentabilidade em geral, de forma que muitas são as pesquisas, nas mais diversas áreas, que possuem algum desses objetivos. Já vimos por aqui como funciona a reciclagem de vidros, alguns exemplos de inovações ecológicas na indústria têxtil, como por exemplo a elaboração de roupas a partir de PET reciclado ou plantas. Abordamos a substituição de polímeros derivados de petróleo por polímeros que derivem de cogumelos ou vegetais em geral, assim como o desenvolvimento de materiais com maior resistência específica, isto é, maior resistência mecânica para uma mesma massa de material, permitindo diminuir a quantidade de matéria prima necessária para desenvolver produtos e economizando na hora de transportá-los, devido à menor massa. Exemplos desses materiais são os aços com efeito TRIP, as ligas de titânio e  as ligas leves.  A indústria de construção civil, uma das que mais cresce em todo o mundo, vem seguindo a mesma tendência e desenvolvendo produtos como concretos sustentáveis e ecocimentos, os quais conseguem diminuir gasto energético, a emissão de CO2, utilizam matérias-primas mais ecológicas, como bactérias ou resíduos, etc. É nessa mesma área que os cimentos emissores de luz, ideia de que falaremos hoje, se enquadram.

Pesquisadores mexicanos da equipe do Dr. José Carlos Rubio, da Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo, desenvolveram um cimento emissor de luz que permite a iluminação de ruas, rodovias e ciclovias sem usar absolutamente nada de energia elétrica. Para isso, o cimento absorve energia solar durante o dia e libera-a durante a noite, diminuindo ou extinguindo a necessidade de iluminação externa e, com isso, economizando uma quantidade bastante grande de energia elétrica.

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Cimento emissor de luz.

O maior desafio no desenvolvimento deste material foi fazer com que o cimento, uma substância opaca, pudesse permitir a passagem de luz até seu interior. Basicamente ao adicionar água ao cimento ele se dissolve como uma pastilha efervescente e começa a tornar-se um gel. Nesse mesmo momento, inicia-se a formação de alguns cristais, os quais são os responsáveis pelo bloqueio da luz solar. Sabendo disso, os cientistas verificaram que uma modificação estrutural para eliminar os cristais era necessária, e com isso conseguiram fazer com que absorvesse energia solar. Assim, durante todo o dia o material absorve energia e durante a noite a reemite para o ambiente, o que pode durar até 12 horas. Tudo isso sem grande impactos ambientais, já que o cimento é feito a partir de areia e argila ou pós cerâmicos, sendo a fumaça o único resíduo liberado para o meio ambiente.

Materiais luminescentes como esse já haviam sido desenvolvidos anteriormente, no entanto normalmente são poliméricos, o que os torna mais sensíveis à radiação ultravioleta. Com isso, normalmente apresentam um tempo de vida aproximado de 3 anos, enquanto os cimentos do Dr. Rubio podem durar até 100 anos. Em 2015 a produção total desse cimento foi de aproximadamente 4 bilhões de toneladas, o que indica que tem um grande potencial de mercado. No entanto, argamassas e alguns materiais de construção que contenham esse cimento ainda estão sendo desenvolvidos, o que indica que as vendas poderão ser ainda maiores nesse ano.

Fontes:

Light-emitting cement;

Looking to light highways with light-emitting cement.

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