Participação brasileira no desenvolvimento de telas biodegradáveis para eletrônicos

O Brasil, segundo dados da Teleco (out/2014), possui mais telefones celulares do que pessoas, apresentando uma proporção de 1,37 aparelhos por habitante. Os usuários de celulares trocam seus aparelhos em média a cada 22 meses, o que totaliza aproximadamente 153 milhões de aparelhos descartados por ano, isso apenas no Brasil. Com base nesses dados, vemos que o desenvolvimento de eletrônicos biodegradáveis é cada vez mais fundamental, e nossos pesquisadores estão ajudando a tornar isso possível: Wendel Alves, Thiago Cipriano (UFABC) e Eudes Fileti (USP) participaram de um grupo de pesquisa que conseguiu desenvolver OLEDs (LEDS orgânicos) de cor azul para as telas.

Mais especificamente a equipe utilizou peptídeos, substâncias 100% biodegradáveis, para gerar nanotubos. Em seguida, combinaram esses nanomateriais bioinspirados com um semicondutor polimérico, observando que a junção das substâncias produzia a mesma luz azul gerada pelo polímero sozinho. Isso ocorre porque, ao se organizarem na forma de nanotubos, os peptídeos conseguem coletar e dirigir luz com eficiência, reduzindo a quantidade de polímero necessária. Essa redução, também vista como aumento na proporção de peptídeos, permite que a mistura alcance até 85% de biodegradabilidade.

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Imagem de microscopia eletrônica mostrando o nanocompósito obtido.

Segundo o professor Guha, da Universidade de Missouri, também membro do grupo de pesquisa, “esta descoberta cria a primeira camada ativa biodegradável em eletrônica orgânica, significando que, em princípio, nós poderemos atingir uma biodegradabilidade integral”. No entanto, para desenvolver completamente os displays, os cientistas precisam agora repetir o mesmo procedimento com polímeros que produzam as cores verdes e vermelha, que também são fundamentais para a geração das telas coloridas que conhecemos.

Fontes:

Khanra, S. et al. Self‐Assembled Peptide–Polyfluorene Nanocomposites for Biodegradable Organic Electronics. Advanced Materials Interfaces, v. 2, n. 14, 2015.

Visualizing the Future of Electronics;

Brasileiros ajudam a criar telas biodegradáveis para celular.

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