Como conservar alimentos sem refrigeração?

Você costuma ir ao supermercado? Uma boa parte do tempo é dedicada a escolher as melhores frutas e verduras dentre as oferecidas, pois nem todas estão nas boas condições que esperamos. Você já parou pra refletir o percentual desses vegetais que são desperdiçados? De acordo com a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), metade deles nem chega às prateleiras do supermercado, se deterioram no caminho entre a lavoura e o consumidor. Considerando as dificuldades envolvidas na produção de alimentos, como a ocupação de terras, uso de agrotóxicos, demanda de água, fertilizantes, susceptibilidade a pragas ou intempéries, é mesmo uma pena que metade dos alimentos “bem-sucedidos” do campo seja simplesmente perdida assim.

No entanto, há um composto que vem trazendo muita esperança na reversão desse quadro: Fibroína de seda – guardem esse nome. A fibroína é uma proteína encontrada na seda que tem a capacidade de proteger matéria orgânica, é biocompatível, inodora e comestível. Considerando todas essas características, Engenheiros da Tufts University, nos Estados Unidos, testaram a aplicação da mesma sobre frutas. Os resultados são surpreendentes!

Como já vimos anteriormente quando apresentamos a engenharia por trás da produção de chocolates, alguns conceitos aprendidos na engenharia de materiais podem ser estendidos à área alimentícia. Da mesma forma, os processos de revestimento que conhecemos podem ser utilizados. Foi o que fizeram Benedetto Marelli e sua equipe, que primeiramente mergulharam morangos e bananas recém-colhidos em uma solução de 1% de fibroína de seda, repetindo até quatro vezes essa etapa de revestimento e, em seguida, realizaram um recozimento a água variando o tempo de tratamento. Com isso, foram criadas diferentes porcentagens de folhas-beta, camadas cristalinas de fibroína. O revestimento ficou invisível sobre o fruto e variou de 27 a 35 micrometros de espessura, aumentando de acordo com o tempo de recozimento.

Após manterem os frutos a temperatura ambiente por uma semana, os engenheiros puderam constatar que as frutas ainda estavam com uma consistência firme e bastante suculentas, enquanto os alimentos não revestidos já haviam começado a se deteriorar, perdendo a cor e desidratando. A imagem abaixo mostra o que foi constatado no experimento.

fibroina_teste

Comparativo entre as frutas revestidas e não revestidas. Fonte: B. Marelli et al.

Com isso, podemos ver que o revestimento de fibroína de seda retarda a respiração das frutas, mantendo-as conservadas por mais tempo. Com isso, obteve-se uma alternativa para prolongar o tempo de vida de alimentos sem necessitar de refrigeração, que consume energia e nem sempre está disponível. A fibroína vem se mostrando tão interessante e compatível com matéria orgânica que vem sendo testada inclusive em implantes cerebrais.

Fontes:

MARELLI, B. et al. Silk Fibroin as Edible Coating for Perishable Food Preservation. Scientific reports, v. 6, 2016;

Seda conserva frutas frescas sem refrigeração.

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